L. tinha 40 anos, pai de três filhos e era católico. Foi diagnosticado com câncer no osso do quadril, passou por cirurgia e estava em tratamento quimioterápico há um ano. Iniciou o acompanhamento de cuidados paliativos domiciliares no começo de 2021, após ser informado sobre a impossibilidade de novos tratamentos para o controle do câncer. Com o cuidado, foi possível controlar a dor no quadril, que era insuportável. Sua ex-esposa voltou a morar com ele para ajudar nos cuidados, possibilitando também uma reconciliação entre ela e a mãe de L.

Conforme desejava, L. continuou ajudando os filhos com a lição de casa, e a psicóloga organizou uma sessão de cinema em casa para que ele pudesse desfrutar de um momento de lazer com eles. Os três filhos foram acompanhados pela psicóloga, com o suporte adequado às suas idades. L. também conseguiu passar as senhas bancárias para a ex- esposa, mas manteve o controle financeiro enquanto pôde. Ele expressou à mãe o desejo de que sua casa ficasse para a ex-esposa e os filhos após sua partida. Durante o período de acompanhamento, L. deixou claro que não gostaria de ser mantido vivo por aparelhos e não queria retornar ao hospital.